A grande dama que quebrou paradigmas
Bernadete Santos Leite foi uma figura feminina diferenciada em Jateí, quebrando paradigmas num período conservador onde a mulher era vista sempre em segundo plano. Ela deixou de ser tradicional já nos primeiros anos de casada, pois começou a trabalhar fora como professora e depois assumiu as funções de cartorária, ofício dominado apenas por homens na época, lá nos idos da década de 1.960.
Sergipana de nascimento, casou com José Jorge Leite aos 21 anos no interior de São Paulo, em 1.948, vindo para Jateí em 1.961, quando já tinha nove filhos e começou trabalhar como professora. Em 1.964 deixou a sala de aula para assumir o recém criado Cartório de Registro Civil local e, em 1.966, prestou e passou no concurso de tabeliã vitalícia. Na época que o machismo imperava, a mulher de fibra conseguiu se impor como profissional, sendo também referência na comunidade como integrante ativa em diversos segmentos.
Tudo isso num regime de ditatura militar – que não aceitava mulheres em suas fileiras e nem nos demais setores estratégicos – e que também não tinha o gênero feminino nas citações e publicações oficiais. Era somente no masculino.
O exemplo de Bernadete Santos Leite em Jateí serviu de inspiração para outras mulheres em toda região, abrindo novas oportunidade e combatendo o preconceito. Ela também contribuiu com o começo do movimento de independência feminina nos âmbitos municipal, estadual e em todo o país.
Bernadete faleceu em 1.991 aos 64 anos, deixando um grande legado para sua família e de referência por ter contribuído com o processo de empoderamento feminino, inclusive além das fronteiras de Jateí.
Além da memória fraterna e guerreira, o nome de Bernadete Santos Leite está eternizado em uma das principais avenidas da cidade e na escola estadual, símbolo do saber e da cidadania. Seguindo o exemplo da mãe, sua filha professora Maria “Mariquinha” foi a primeira diretora eleita da Escola Bernadete, inaugurada em 1.993.