1º prefeito e o desafio de organizar o município

Em 1.965, cerca um ano e meio depois de sua emancipação, Jateí realizou eleições municipais e elegeu seu primeiro prefeito, vice-prefeito e os primeiros vereadores da Câmara Municipal. O primeiro gestor municipal foi Moacir de Souza Fagundes, um então jovem de 26 anos, que havia deixado de trabalhar no Exército Brasileiro como cabo para disputar o pleito, incentivado por seu pai, o pioneiro Antonio da Cruz Fagundes.

As eleições ocorreram no mês de abril de 1.965 e a posse no mês seguinte, em maio do mesmo ano, com Moacir encerrando o mandato em 31 de janeiro de 1.967, numa gestão de um ano e nove meses.

Moacir ficou no cargo por menos de dois anos, em um mandato tampão, porque as eleições ocorreram fora de época. Conforme escrito de próprio punho deixado por ele, o grande desafio de sua gestão foi o de organizar o município. Ele cita também a criação do distrito de Nova Esperança em seu mandato, com apoio de José Florêncio da Silva.

Entre os principais feitos, ele destaca a implantação da Prefeitura, criação de um plano rodoviário, aquisição do primeiro carro para o município (Jeep) e, principalmente, a a colocação em funcionamento de diversas escolas municipais, “nas esquinas dos lotes” de cada localidade com moradores na zona rural.

“Apesar do curto e diminuto mandato, lembro que instalamos a Prefeitura, implantamos inúmeras escolas (construções de madeira e cobertas com telha francesa) porque a demanda era grande, procedemos a nomeação e pagamento em dia de professores e ainda conseguimos seis salas de alvenaria ao Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA)”, descreve o manuscrito deixado por Fagundes em posse deus familiares.

 

 

 

 

 

Legado de orgulho – A trajetória como ser e como político é a maior referência para os familiares de Moacir de Souza Fagundes, o primeiro prefeito eleito de Jateí. “Nosso pai deixou um legado histórico para nossa família e o município de Jateí. Chegou com seu pai Antonio da Cruz Fagundes, sua mãe Enedina e irmãos. Nosso avô, um homem visionário, já via nessas terras um lugar próspero. E assim, juntamente com outras famílias, iniciou a organização para a construção do município”, relata Marcela Fagundes da Silva, a filha caçula de Moacir, citando ainda a indicação de seu avô para que seu pai fosse o candidato a prefeito à época.

 Conforme Marcela, Moacir Fagundes sempre foi um homem visionário. “Enfrentou uma enfermidade de depressão que na época não era identificada e nem tratada. Mas mesmo assim era um homem sonhador. Investiu na construção de uma escola, sendo professor. Sempre estudou a distância (EaD) – na época era estudo por correspondência -, acompanhava as aulas via rádio e livros. Estudou o curso de datilografia via EaD, adquiriu máquinas e montou uma escola, que era o máximo da evolução da escrita para a época”, descreve a filha.

Moacir sempre acreditou na formação acadêmica do ser humano, tanto que incentivou as filhas e filho a estudarem e todos os seus nove filhos são formados e pós-graduados e um mestre.

Marcela classifica seu pai como um humanista, pois conseguia ver o ser humano num todo e assim criou um time de futebol chamado Estrela do Sul. “Sonhava com um time de futebol da família, mas teve só um filho homem, mas foi presenteado com nove genros, onze netos e quatro bisnetos. E ele chegou a ver esse time”, relata emocionada a filha.

Apaixonado por futebol, Marcela lembra na festa de Natal sempre tinha o jogo de futebol e Moacir era o capitão. “Deixou para nós (nora, genros, dezenove netos e oito bisnetos) suas recomendações de sempre: Estude! Seja pontual nos seus compromissos; reze todos os dias. Estude sempre, ninguém pode tirar o conhecimento que você adquiriu. Ande sempre de cabeça erguida!”.

 

Moacir Fagundes, no final de seus dias, começou a se preparar psicologicamente ele e os familiares. Ele escreveu uma poesia de despedida.

 “Procurei ser útil, prestativo, generoso, bondoso. Amei o trabalho, nunca preguiçoso, ocioso. Porém já sabia (…), que meu dia ia chegar!

(trecho da poesia “Já sabia que meu dia ia chegar. Moacir de Souza Fagundes”)